Esta obra de Pedro Bandeira foi o primeiro livro lido pela turma 801 este ano. Ela conta uma das aventuras dos cinco jovens já muito conhecidos pelos alunos – que, no ano anterior, leram “A Droga da Obediência” - : Miguel, Crânio, Magrí, Chumbinho e Calú, integrantes do grupo dos Karas.
Os Karas se separam, pois Miguel, Calú e Crânio querem evitar brigas por causa de Magrí, a única menina do grupo, mas Magrí e Chumbinho conseguem reunir o grupo, aproveitando que um grande mistério paira no ar. Um cientista americano que havia criado a cura para a praga do século é seqüestrado no Brasil, e a professora de Magrí é baleada.
Para piorar a situação o Doutor Q.I., o rei dos criminosos foge da Penitenciária de Segurança Máxima.
Será que o mundo vai ficar sem a cura para a tal doença? Será que essa cura existe mesmo? E quanto ao grupo dos Karas, vai ficar unido pra sempre?
Confira os comentários da 801 sobre esse livro.
Eu achei o livro muito interessante, pois gosto de livros que tem mistérios para serem resolvidos. Também aconselho todos a lerem, pois é um livro super legal.
João Pedro Leite Valadão
Eu não gostei do livro “A droga do amor” porque eu não gosto desse tipo de aventura. Eu acho a historia e os acontecimentos muito falsos. Eu também não gosto muito dessa coleção porque é muito repetitiva. O texto é uma mistura de amor e comedia, eu não gosto muito dessa combinação.
Yuri Louback
O livro É muito show! Eu concordo com ele, quando diz que o amor é uma droga. O livro é bom, pois há ação, aventura drama e muito amor. É show! O melhor livro que eu já li, sem dúvida, apesar de, pessoalmente, não gostar muito de ler.
Pedro Bertho
Eu gostei muito do livro "A Droga do amor", é bem interessante e tem um final inesperado.
Adorei ter conhecido melhor uma das obras de Pedro Bandeira e o tal dos Karas de que todos falavam por aí.
Também achei interessante o fato da tal droga do amor ser um soro para curar a praga do século, pois todos esperavam que o livro criticasse o amor entre os jovens. De certa forma, o fato de quase todos os karas gostarem de Magrí (uma dos Karas), também fala sobre o amor entre eles... e sobre a amizade.
Nathália Newlands
Eu gostei muito do livro A Droga do Amor, é muito interessante, pois tem algumas partes com as quais eu consigo me identificar.
O livro fala sobre cinco karas que se separaram por causa de Magrí, integrante do grupo. O Livro tem de tudo: romance, ação, separação, suspense, aventura, ódio...
E eu sugiro que todos leiam esse livro muito legal e interessante, pois garanto que vocês vão gostar muito.
Gabriella Braga e Miranda
Eu gostei muito do livro "A Droga do Amor", na verdade, gosto de todos os livros dos "Karas". Já li todos: "A Droga da Obediência", "Pântano de Sangue", "Anjo da Morte", "A Droga do Amor" e "Droga de Americana". Sou tão "viciado" que me apelidaram de "Chumbinho"... A história de todos é muito boa e a desse livro então...é melhor ainda... A separação dos karas pelo amor da Magrí, o disfarce do Chumbinho, o clima entre Magrí e Crânio, etc.
Enfim, eu adoro todos os livros dos Karas...
João Guilherme Heckert
O livro “A Droga do Amor” é muito interessante, os mistérios e as aventuras em que os karas se envolvem são muito perigosas.
Esses jovens alunos do colégio ELITE (Magrí, Calu, Chumbinho, Crânio, e Miguel) passam por uma aventura amorosa muito complicada, pois todos amam Magrí e Magrí ama todos, mas um em especial...
Nessa aventura, a Droga do Amor que eles têm que conseguir de volta é a cura para a praga do século que foi roubada.
Vladmyr Schlosser Mello
O livro A DROGA DO AMOR, é muito interessante e legal. Fala sobre alunos (Magrí, Crânio, Calu, Miguel e Chumbinho) do colégio ELITE que entram em diversas aventuras, entre elas o falso sequestro do criador da cura da doença do século. Eles se escondem no forro do vestiário de sua escola e têm como amigo o detetive Andrade, que se preocupa com eles com se fossem seus filhos.
O policial também ajuda a descobrir os casos e descobre informações valiosas, mas, na verdade, quem faz o trabalho todo, na maioria das vezes, são os adolescentes. Mas até eles chegarem ao auge das investigações, o grupo dos karas passaram por vários problemas. Tirando o problema de que Magrí tinha viajado para Nova Iorque, existe também o problema de que todos amam Magrí e, por isso, o grupo acaba.
Mas, no final, todos entendem a situação dela já que, se ela escolhesse um dos garotos, os outros ficariam tristes e com ciúmes. E, então, todos ficam bem e o grupo dos Karas fica bem.
Bernardo
Eu achei o livro bem interessante, pois mistura um pouco de amor, romance, amizade, mistério e suspense.
O livro mostra que devemos sempre ser bem unidos com nossos amigos como fizeram os karas. Sempre precisamos ter amigos por perto para que eles possam nos ajudar na hora da alegria, da tristeza, da raiva etc.
No livro, o que eu mais gostei foi que, apesar dos problemas que os Karas tiveram, eles se uniram para salvar a humanidade, desvendando o mistério da droga do amor. Também aprendi que, sem os amigos, não somos nada na vida. Se por acaso o livro não unisse os karas de volta, Magrí e Chumbinho não conseguiriam salvar a humanidade.
Cinthia
O livro fala sobre cinco amigos que se separaram por causa de Magrí (integrate desse grupo). Esse grupo se chama Karas ( Chumbinho, Miguel, Calu, Crânio, Magrí ).
Achei o livro muito interessante, pois existem partes de ação, romance, suspense, aventura ,ódio... Porém, me enganei quando achei que o vilão principal (Doutor Q.I) não era o culpado.
Recomendo!
Ana Glaucia Peril
O LIVRO “A DROGA DO AMOR” É MUITO INTERESSANTE! EU GOSTEI MUITO DE LÊ-
LO. A HISTÓRIA FALA SOBRE OS CINCO AMIGOS QUE SE SEPARAM POR CAUSA DO AMOR
DE MAGRI. ELES TENTAM RESOLVER O SUMIÇO, O ROUBO DA DROGA DO AMOR. COM ISSO, ACONTECEM MUITAS COISAS INTERESANTES QUE VOCE NÃO PODE DEIXAR DE LER.
O LIVRO É UM POUCO ROMANCE E AÇÃO. PARA ENTENDER O QUE SÃO OS KARAS, QUEM É DR. Q.I, VOCÊ DEVE LER A SÉRIE: A DROGA DA OBEDIÊNCIA, A DROGA DE AMERICANA...
LETÍCIA
Eu amei o livro porque são adolescentes comuns que se envolvem em coisas que nem todos os policias fazem em sua carreira. Foi tão bom ler livro “A Droga do Amor” que agora estou lendo “A Droga da Obediência” para ver como começou o grupo dos karas.
Bianca Caparelli
Eu achei o livro muito bom, aconselho muitas pessoas a lerem! Tem uma história muito legal e gostei muito.
João Gabriel Guedes Ferreira
Eu gostei muito do livro “A Droga do Amor”, da coleção dos Karas, do autor Pedro Bandeira. Gostei quando Magri ficou pensando com quem ela queria namorar e quando os Karas se separaram por causa dela.
Mas pra entender melhora história, é preciso ler o primeiro livro “A Droga da Obediência”. Recomendo ler os dois
Alberto Netto
O livro “A Droga do Amor” é bem interessante, fala sobre um grupo de alunos formado por quatro meninos (Chumbinho, Calu, Crânio e Miguel) e uma menina (Magrí). Três dos quatro garotos se apaixonam por Magrí, desintegrando grupo dos Karas.
Assim, contando várias aventuras do grupo, como o falso sequestro do criador da cura da doença do século, eu achei uma história super divertida, pois, além de muitas aventuras, existem mistérios, como qual é a Droga do Amor.
Muitos mistério acontecem ao longo da história. O amor que todos os integrantes têm pelo grupo karas ajudará a equipe a se unir novamente despertando curiosidade e interesse pelo que vai acontecer...
Pedro Bandeira foi sempre muito criativo ao escrever a coleção. Vale a pena ler o livro. Você vai gostar...
Mariana Rosmaninho
Eu gostei bastante do livro, pois ele é uma mistura entre um pouco de suspense, comédia e ação.
A trama principal do texto foi bem planejada, uma briga entre o cinco karas por uma causa de amor e ciúmes entre os personagens principais.
A parte da comédia foi bem interessante, pois o russo foi a parte que deu um "q" especial, pois ele não entendia nada de português nem inglês, assim ele fazia comentários sem nenhum nexo, fazendo parte de extrema comédia.
Matheus da Silva Ribeiro
O livro é muito interessante e fala sobre cinco amigos que tentam resolver o falso sequestro do criador da cura da praga do século. O livro tem mistério, romance e aventura.
Pedro Pandeira foi um gênio ao criar a coleção... gostei muito e estou aguardando que ele escreva outro livro com aventuras dos karas.
Natália de Oliveira
Achei o livro muito legal, com muita aventura, suspense, drama, amor e muito mais... o livro tem um pouco de tudo.
Esse livro é realmente demais! Pelo menos, eu gostei muito e acho que vocês também vão gostar. Leiam! Vocês vão gostar!!!
Gabriel Alves
Eu gostei do livro, pois, além de possuir uma história incrível, com misturas de amores, amizades, comédias e suspenses, envolvendo cinco adolescentes (bastante inteligentes), policiais..., faz com que o leitor não pare de ler. Como eu sou um pouco lerda para ler livros, eu gostei bastante! Risos!
Maria Eduarda
O livro é bom e eu recomendo. É uma história de aventura e tem de tudo: trama, aventura, romance.
Marlon Sardou
Em relação ao livro “A Droga do Amor”, eu o achei muito interessante, pois fala de um grupo cinco amigos, quatro meninos e apenas uma menina! Eles se separam por causa da menina. Mas, depois de um seqüestro, eles resolvem se unir, para resolvê-lo. Então, na tentativa de resolvê-lo, eles passam por grandes aventuras.
Isso torna o livro muito interessante e o recomendo a todos. É um livro de grande potencial, onde tem suspense e muita aventura. Recomendo também um outro livro, em que os personagens são os mesmos, mas com diferentes aventuras, " A Droga da Obediência".
Ricardo Souza
Este livro foi muito interessante, pois conta uma história de mistérios a serem de desvendados, o que o fez ser bastante legal. Eu recomendo que todos leiam.
Felipe Marcio
Gostei muito de ler o livro "A Droga Do Amor". Eu recomendo, pois fala sobre cinco adolescentes que resolvem mistérios!
Mas, se você for ler, comece pelo livro "A Droga Da Obediência".
Danielle Lema Costa
Eu achei o livro bom e aconselho outras pessoas a lerem, pois, além de ter várias aventuras, tem muito suspense !
O livro começa com a história de Magrí no Campeonato de Ginástica Olímpica. A partir disso, começa a ação !
Leiam toda a série dos Karas! Muito Bom
Mateus Pinto
Eu gostei muito do livro, pois gosto muito de livros e histórias de casos como esses. O Livro conta mais uma aventura dos Karas (A Droga do Amor).
Gostei da parte em que a Magrí entra no quarto da criançinha doente e a "ajuda". Fiquei emocionada com essa parte.
Achei muito corajoso o Chumbinho, gostei da atitude e da esperteza dele!
Lilia de Paulo Cariello Hoelz
O livro é muito bom e fala sobre o amor e sobre a cura de uma doença sem cura. Aconselho todos a lerem esse ótimo livro, com ação, drama e muito amor.
Diego Verly
Eu gostei do livro, porque ele traz suspense, amor, amizade. Os personagens são adolescentes como nós, o que facilita pra gente entender o que eles pensam.
Rafaella Azevedo
Eu achei o livro bem interessante, até gostei mais do que o outro da série, “A droga da obediência”. Em “A droga do amor”, quando os karas se separaram e Magri estava em Nova Iorque, eu já pensei que o livro fosse ruim. Mas, após os acontecimentos do livro, eu achei que ficou bem legal. A parte de que mais gostei foi quando desmascararam Hector Morales na penitenciária... Até Chumbinho se disfarçou de anão, gostei muito!
Álan Guedes
Eu gostei muito do livro. Achei a história muito interessante, pois eu adoro mistérios. Pedro Bandeira conta mais uma história dos Karas.
E, na minha opinião, o que ele quis dizer com "A Droga do Amor"não foi só relacionado ao medicamento para curar o mau do século, também quis falar do amor entre os Karas, o amor da amizade e o amor deles por Magri e o de Magrí por eles. No final, ela diz que o amor que ela sente por eles como amigos é muito maior do que o amor que ela sente por um deles, comprovando, assim, que a amizade supera todos os tipos de amor.
Agnes Lutterbach
Eu gostei muito do Livro "A droga do amor”, pois é um livro muito interessante para quem gosta de aventura e suspense...
Conta a história de cinco adolescentes que resolvem "mistérios".
Uma dica: leia primeiro o livro "A droga da obediência"
Ana Clara
O livro “A droga do amor” é muito legal porque é interessante e fez eu ler até o fim. Recomendo esse ótimo livro para todos.
Iago
quinta-feira, 22 de abril de 2010
O DIA DA CURA
Depois de lermos o livro “A Droga do Amor”, discutimos a relação que a história de Pedro Bandeira estabelece com o seguinte texto do sociólogo Betinho.
O DIA DA CURA
Numa manhã comum, como qualquer outra, abri o jornal e li a manchete: Descoberta a Cura da AIDS! A princípio fiquei deslocado na cama, como se a terra tivesse saído do lugar e meu quarto estivesse mais à esquerda do que de costume.
Fiquei por um tempo parado, sem saber qual deveria ser o primeiro ato de uma pessoa de novo condenada a viver. Primeiro, certificar-se. Telefonei para o meu médico. Realmente, a notícia era sólida, e o próprio presidente dava declarações na TV americana assumindo a veracidade do fato: dez pacientes em estado avançado da doença haviam tomado o CD2 e não apresentavam nenhum sinal ou sintoma da presença do vírus em seus organismos. Um eficiente viricida fora descoberto. As outras notícias seguiam o mesmo curso. O laboratório do CD2 tivera uma espetacular alta na bolsa de Nova Iorque. Na França, o Instituto Pasteur dizia que outra coincidência acompanhava os caprichos da ciência. Ali também o SD2 estava no forno, quase pronto para ser anunciado. Telefonei para o meu analista. Dei a notícia sobre a cura da AIDS e decidi que só enfrentaria a felicidade nas próximas sessões. Afinal me havia preparado tanto para a morte que a vida agora era um problema.
Do meu lado, Maria ainda dormia e não sabia que nossa vida havia mudado. Casados há 21 anos, os últimos tinham sido um tempo de tensão a cada gripe, mancha na pele, febre sem explicação. O amor feito durante tanto tempo e que havia sido interrompido pelo medo do contágio, do descuido, do imponderável, estava agora ao alcance da vida como um milagre, apesar de meus 56 anos, como costuma insistir um jornal paulista. Pensei comigo mesmo, camisinhas nunca mais! Maria dormia, ainda não sabia da novidade. Ela agora poderia ser viúva de outras coisas mais banais, mais correntes, mais normais. Ela não mais seria a viúva da AIDS. Grandes avanços. Tinha os filhos para avisar. Não mais seriam órfãos da AIDS. O pai agora tinha algo de imortal ou podia morrer como todo os mortais.
A TV continuava a mostrar cenas incríveis em Nova Iorque, e o meu telefone já começava a tocar. Afinal, eu havia sido, durante quase dez anos o entrevistado perfeito para o caso da AIDS: era hemofílico, contaminado e sociólogo. Podia desempenhar três papéis num só tempo e numa só pessoa. Eu era uma espécie de trindade aidética! Iam querer saber o que sentia, o que faria, meus primeiros atos, minhas emoções, minhas reações diante da vida e da normalidade. Imaginava as perguntas: como você se sente agora que é de novo um ser normal? O que vai fazer agora de sua vida? O que efetivamente mudou na sua vida? O que você aprendeu com a AIDS? Você continua a ter raiva do governo? Cheguei a pensar, como Chico Buarque, que daria minha primeira entrevista ao Jô Soares. Afinal, falaria da vida, tomando cerveja!
Ainda na cama, onde, de manhã, gosto de ficar, tive saudades do Henfil e do Chico, e em meio à alegria que já me contagiava, chorei. Por que haviam sofrido tanto e morrido tão fora de hora? Quanto sofrimento inútil, quanta dor que palavras não descrevem. O olhar parado de quem expira. O abandono sem remédio. A fatalidade que nem a morte enterra? Por que logo eles haviam morrido, se eram meus irmãos, a quem telefonava com a certeza de quem acreditava poder fazer isso séculos e séculos seguidos? De repente, ninguém do outro lado da linha. Números riscados numa agenda sem remédio. Ainda a lembrança do Chico no enterro do Henfil, dizendo para mim, entre espanto e humor: hoje é o Henfil, amanhã serei eu, e você irá daqui a 03 anos... Bem, digamos 05!
E hoje estou aqui passados 04 anos, quase 05, lendo essa notícia, e eles todos mortos antes do tempo. Não há remédio para a morte de meus irmãos, que são tantos.
De repente me dou conta de que houve realmente remédio para a AIDS. É hora de levantar, atender os telefonemas, reunir o pessoal da ABIA. Festejar com o pessoal do IBASE. Abrir um champanhe, ou uma cerveja. Telefonar para saber onde estava o tal remédio, como comprá-lo, o preço, o prazo da chegada. Estaria disponível quando, a que preço? Quem poderia comprá-lo?
Algo inusitado acontecia em paralelo. Amigos e amigas, que não suspeitava, me chamavam para dizer que eles também eram soropositivos, porque agora havia cura. Uns diziam que suas vidas sexuais eram um caos, mas que agora havia cura. Alguns me chamavam para dizer que iriam começar o tratamento, o controle e a pensar na vida, porque agora havia cura. E, finalmente, outros me diziam que agora poderiam revelar a imprensa sua condição de soropositivos, para servir de exemplo, porque agora havia cura.
De repente, dei-me conta de que tudo havia mudado porque havia cura. Que a idéia da morte inevitável paralisa. Que a idéia da vida mobiliza... Mesmo que a morte seja inevitável, como sabemos. Acordar, sabendo que se vai viver, faz tudo ter sentido de vida. Acordar pensando que se vai morrer faz tudo perder o sentido. A idéia da morte é a própria morte instalada.
De repente, dei-me conta de que a cura da AIDS existia antes mesmo de existir, e de que seu nome era vida. Foi de repente, como tudo acontece.
Betinho
O DIA DA CURA
Numa manhã comum, como qualquer outra, abri o jornal e li a manchete: Descoberta a Cura da AIDS! A princípio fiquei deslocado na cama, como se a terra tivesse saído do lugar e meu quarto estivesse mais à esquerda do que de costume.
Fiquei por um tempo parado, sem saber qual deveria ser o primeiro ato de uma pessoa de novo condenada a viver. Primeiro, certificar-se. Telefonei para o meu médico. Realmente, a notícia era sólida, e o próprio presidente dava declarações na TV americana assumindo a veracidade do fato: dez pacientes em estado avançado da doença haviam tomado o CD2 e não apresentavam nenhum sinal ou sintoma da presença do vírus em seus organismos. Um eficiente viricida fora descoberto. As outras notícias seguiam o mesmo curso. O laboratório do CD2 tivera uma espetacular alta na bolsa de Nova Iorque. Na França, o Instituto Pasteur dizia que outra coincidência acompanhava os caprichos da ciência. Ali também o SD2 estava no forno, quase pronto para ser anunciado. Telefonei para o meu analista. Dei a notícia sobre a cura da AIDS e decidi que só enfrentaria a felicidade nas próximas sessões. Afinal me havia preparado tanto para a morte que a vida agora era um problema.
Do meu lado, Maria ainda dormia e não sabia que nossa vida havia mudado. Casados há 21 anos, os últimos tinham sido um tempo de tensão a cada gripe, mancha na pele, febre sem explicação. O amor feito durante tanto tempo e que havia sido interrompido pelo medo do contágio, do descuido, do imponderável, estava agora ao alcance da vida como um milagre, apesar de meus 56 anos, como costuma insistir um jornal paulista. Pensei comigo mesmo, camisinhas nunca mais! Maria dormia, ainda não sabia da novidade. Ela agora poderia ser viúva de outras coisas mais banais, mais correntes, mais normais. Ela não mais seria a viúva da AIDS. Grandes avanços. Tinha os filhos para avisar. Não mais seriam órfãos da AIDS. O pai agora tinha algo de imortal ou podia morrer como todo os mortais.
A TV continuava a mostrar cenas incríveis em Nova Iorque, e o meu telefone já começava a tocar. Afinal, eu havia sido, durante quase dez anos o entrevistado perfeito para o caso da AIDS: era hemofílico, contaminado e sociólogo. Podia desempenhar três papéis num só tempo e numa só pessoa. Eu era uma espécie de trindade aidética! Iam querer saber o que sentia, o que faria, meus primeiros atos, minhas emoções, minhas reações diante da vida e da normalidade. Imaginava as perguntas: como você se sente agora que é de novo um ser normal? O que vai fazer agora de sua vida? O que efetivamente mudou na sua vida? O que você aprendeu com a AIDS? Você continua a ter raiva do governo? Cheguei a pensar, como Chico Buarque, que daria minha primeira entrevista ao Jô Soares. Afinal, falaria da vida, tomando cerveja!
Ainda na cama, onde, de manhã, gosto de ficar, tive saudades do Henfil e do Chico, e em meio à alegria que já me contagiava, chorei. Por que haviam sofrido tanto e morrido tão fora de hora? Quanto sofrimento inútil, quanta dor que palavras não descrevem. O olhar parado de quem expira. O abandono sem remédio. A fatalidade que nem a morte enterra? Por que logo eles haviam morrido, se eram meus irmãos, a quem telefonava com a certeza de quem acreditava poder fazer isso séculos e séculos seguidos? De repente, ninguém do outro lado da linha. Números riscados numa agenda sem remédio. Ainda a lembrança do Chico no enterro do Henfil, dizendo para mim, entre espanto e humor: hoje é o Henfil, amanhã serei eu, e você irá daqui a 03 anos... Bem, digamos 05!
E hoje estou aqui passados 04 anos, quase 05, lendo essa notícia, e eles todos mortos antes do tempo. Não há remédio para a morte de meus irmãos, que são tantos.
De repente me dou conta de que houve realmente remédio para a AIDS. É hora de levantar, atender os telefonemas, reunir o pessoal da ABIA. Festejar com o pessoal do IBASE. Abrir um champanhe, ou uma cerveja. Telefonar para saber onde estava o tal remédio, como comprá-lo, o preço, o prazo da chegada. Estaria disponível quando, a que preço? Quem poderia comprá-lo?
Algo inusitado acontecia em paralelo. Amigos e amigas, que não suspeitava, me chamavam para dizer que eles também eram soropositivos, porque agora havia cura. Uns diziam que suas vidas sexuais eram um caos, mas que agora havia cura. Alguns me chamavam para dizer que iriam começar o tratamento, o controle e a pensar na vida, porque agora havia cura. E, finalmente, outros me diziam que agora poderiam revelar a imprensa sua condição de soropositivos, para servir de exemplo, porque agora havia cura.
De repente, dei-me conta de que tudo havia mudado porque havia cura. Que a idéia da morte inevitável paralisa. Que a idéia da vida mobiliza... Mesmo que a morte seja inevitável, como sabemos. Acordar, sabendo que se vai viver, faz tudo ter sentido de vida. Acordar pensando que se vai morrer faz tudo perder o sentido. A idéia da morte é a própria morte instalada.
De repente, dei-me conta de que a cura da AIDS existia antes mesmo de existir, e de que seu nome era vida. Foi de repente, como tudo acontece.
Betinho
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